A trajetória do Auckland City rumo à Copa do Mundo de Clubes de 2025 tem encantado os torcedores ao redor do mundo. Enquanto o torneio costuma ser dominado pelos grandes clubes da Europa e América do Sul, a equipe neozelandesa, composta majoritariamente por jogadores amadores com empregos em tempo integral, leva uma história de futebol raiz ao palco global.
O sorteio colocou o time em um grupo extremamente difícil, ao lado do campeão alemão Bayern de Munique, do português Benfica e do Boca Juniors da Argentina. Apesar das apostas indicarem 2.500 para 1 contra uma vitória do Auckland City, os jogadores permanecem determinados a representar o futebol amador com orgulho e resiliência.
O clube funciona como uma verdadeira instituição comunitária. Seus atletas — que incluem cabeleireiros, corretores de imóveis e engenheiros — conciliam suas rotinas profissionais com treinos noturnos e jogos nos fins de semana. O estádio do clube, o Kiwity Street Stadium, tem capacidade para apenas 3 mil torcedores — muito diferente das arenas de seus adversários no torneio.
O vice-capitão Adam Mitchell e o ponta Dylan Manicum são exemplos claros da paixão que move o elenco, ambos dividindo o tempo entre a bola e as carreiras fora de campo. Já o auxiliar técnico, Adria Casales, vê no torneio uma chance rara de crescimento pessoal e coletivo, algo pouco comum no universo dos clubes amadores.
Apesar do perfil modesto, o Auckland City é uma potência na Oceania, com dez títulos do campeonato neozelandês e treze conquistas da Liga dos Campeões da OFC desde 2004.
O clube tem ainda um histórico memorável na competição da FIFA: em 2014, chegou à semifinal, vencendo equipes do Marrocos e da Argélia antes de ser eliminado pelo San Lorenzo, da Argentina. Com 11 participações, é o clube com mais presenças na história do torneio, superando até o Real Madrid.
Em campo, nomes como o capitão Mario Ilić e o atacante Meyer Bevan trazem esperança. Ilić comanda o meio de campo com segurança, enquanto Bevan, que já atuou pela seleção da Nova Zelândia e jogou no exterior, oferece experiência e talento.
O confronto de estreia contra o Bayern de Munique evidencia a disparidade econômica e técnica entre os clubes — o elenco bávaro é avaliado em mais de 900 milhões de euros, enquanto o do Auckland City vale cerca de 4,5 milhões. Para os jogadores, no entanto, essa é mais que uma batalha: é a realização de um sonho.
Mesmo assim, a participação do clube vem envolta em controvérsias financeiras. Embora a FIFA ofereça cerca de US$ 3,58 milhões em prêmios, a maior parte ficará com a federação neozelandesa, restando apenas US$ 180 mil para o clube — valor que mal cobre os custos da viagem. “Tentamos deixar essas preocupações com dinheiro para os outros”, disse o dirigente Watson. “Para nós, isso é sobre algo maior: realizar sonhos de infância e mostrar que o futebol amador pode brilhar no cenário mundial.”
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