Kennedy, a primeira mulher australiana a conquistar o ouro olímpico em uma prova de campo, admitiu que a reabilitação comprometeu toda a sua preparação competitiva. Ela perdeu todas as etapas da Diamond League e participará com convite especial, contando apenas com seis semanas de treino intenso para chegar pronta a Tóquio.
“Treinando apenas seis semanas, levamos meu corpo ao limite absoluto apenas para chegar até aqui”, explicou Kennedy. “Isso causa pequenas dores em outras áreas — nas costas, nas coxas — então não posso dizer que tenho total confiança no meu corpo. Mas tenho plena confiança de que a lesão está totalmente recuperada.”
A atleta de 28 anos estima seu nível de condicionamento em cerca de 80%, reconhecendo que pode não estar em seu auge para Tóquio, depois de comprimir quatro meses de preparação em menos de dois. Ela admitiu que, no início de sua carreira, poderia ter desistido do evento. No entanto, com apenas alguns anos restantes no mais alto nível, Kennedy está determinada a dar o máximo em Tóquio, mesmo com possibilidade de lutar por um lugar no pódio.
A jornada tem sido tão mental quanto física. Trabalhando de perto com sua psicóloga esportiva, Kennedy tem focado no processo mais do que no resultado, equilibrando a proteção do corpo com a liberação de seu espírito competitivo. “Há uma determinação feroz em mim, tenho esse ‘cachorro’ dentro de mim”, disse ela. “Não tenho direito de pensar que posso voltar de uma cirurgia e subir no pódio, mas esse é o desafio que estabelecemos. Isso me motiva.”
Kennedy destacou que superar 4,80 metros na primeira tentativa pode ser suficiente para conquistar uma medalha em um ano pós-olímpico, mas só descobrirá seus limites no dia da competição. “Não piso em uma arena desde Paris. Não sei exatamente onde estou, mas estou aceitando essa vulnerabilidade”, acrescentou.
Olhando para o futuro, a atual campeã espera um dia se juntar ao grupo de elite de mulheres que ultrapassaram a marca de cinco metros e, quem sabe, desafiar o recorde mundial de Yelena Isinbayeva, de 5,06 m. “Me vejo como a melhor atleta em atividade. Por que não?”, disse Kennedy, refletindo sua ambição e determinação incansáveis.
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