A tricampeã olímpica Faith Kipyegon ficou muito próxima de fazer história na noite desta quinta-feira, em Paris, mas não conseguiu se tornar a primeira mulher a correr a milha (1,6 km) em menos de quatro minutos. Correndo no Stade Charléty, sob condições climáticas ideais, a estrela do meio-fundo do Quênia registrou o tempo de 4 minutos e 6,42 segundos — um desempenho mais rápido que seu próprio recorde mundial anterior, mas ainda acima da barreira simbólica dos quatro minutos.
Kipyegon contou com o auxílio da tecnologia Wavelight e de uma equipe de 13 marcadores de ritmo — incluindo 11 homens e duas mulheres — e partiu com determinação. Seu tempo superou a marca anterior de 4:07.64, conquistada em Mônaco em 2023. No entanto, por ter contado com a ajuda de pacers masculinos, sua nova marca não pode ser reconhecida oficialmente como recorde mundial.
Após cruzar a linha de chegada, a atleta de 31 anos demonstrou o desgaste do esforço extremo:
"Estou exausta, me sinto muito cansada", disse ela. "Tentei ser a mulher mais rápida abaixo dos quatro minutos. Provei que é possível — é só uma questão de tempo. Se não for eu, será outra."
O feito de correr a milha abaixo dos quatro minutos é considerado um dos marcos mais emblemáticos do atletismo. O britânico Roger Bannister foi o primeiro a alcançá-lo em 1954, com o tempo de 3:59.4, em Oxford, em condições muito diferentes — numa pista de cinderela, usando tênis pesados, e após um turno de trabalho em um hospital.
Desde então, quase 2.000 homens já superaram essa barreira. A tentativa de Kipyegon é a mais próxima que uma mulher já esteve de repetir esse feito, e indica que o marco está mais perto do que nunca de ser quebrado no feminino.
Mesmo sem ter atingido o objetivo desta vez, Faith Kipyegon reafirma seu lugar entre as maiores corredoras de meio-fundo da história — e prepara o caminho para um feito histórico que parece cada vez mais iminente.
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